Poesia: Planeta Azul

Menino que mora num planeta azul feito a cauda de
um cometa quer se corresponder com alguém de outra 
galáxia.


Neste planeta onde o menino mora as coisas não vão
bem assim: o azul está ficando desbotado e os 
homens brincam de guerra.
É só apertar um botão que o planeta Terra vai pelos 
ares...
Então o menino procura com urgência alguém de
outra galáxia para trocarem selos, figurinhas e 
esperanças.


Habitante de outra galáxia aceita corresponder-se com
o menino do planeta azul.
O mundo deste habitante é todo feito de vento e 
cheira a jasmim.
Não há fome nem há guerra, e nas tardes perfumadas
as pessoas passeiam de mãos dadas e costumam rir à
toa.
Nesta galáxia ninguém faz morte, ela acontece
naturalmente, como o sono depois da festa.
Os habitantes não mentem, e por isso os seus olhos
brilham como riachos.
O habitante da outra galáxia aceita trocar selos e 
figurinhas e pede ao menino que encha os bolsos de 
esperanças, e só os bolsos, mas também as mãos,
e os cabelos, a voz, o coração, que a doença 
do planeta azul ainda tem solução.

Roseana Murray.

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